A aplicação de bioinsumos para a proteção de lavouras continua a crescer no Brasil a taxas superiores às registradas em outros países. Segundo levantamento da consultoria Kynetec com base em pesquisa de campo e contatos diretos com agricultores, o faturamento com a venda desses produtos alcançou US$ 827 milhões na safra 2022/23, 52% mais que no ciclo 2021/22 (US$ 547 milhões). A expectativa para a temporada 2023/24, quando a colheita de grãos deverá bater um novo recorde, é que esse ritmo forte de avanço seja mantido.
Os dados foram apresentados ontem em fórum sobre o segmento promovido pela Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) em sua sede, na avenida Paulista. O evento contou com a presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, entre outras autoridades, lideranças do agro e empresas que atuam nesse mercado. “Os bioinsumos são muito importantes para que o Brasil continue a expandir sua produção agrícola de forma sustentável e com responsabilidade”, afirmou Favaro.
Conforme a Embrapa, os insumos biológicos são produtos ou processos agroindustriais desenvolvidos a partir de enzimas, extratos (de plantas ou microrganismos), microrganismos, macrorganismos (invertebrados), metabólitos secundários e feromônios.
André Dias, diretor da Kynetec para a América Latina, observou que, globalmente, o faturamento com a venda de bioinsumos aplicados na agricultura cresceu 2,75 vezes desde 2018, para cerca de US$ 11 bilhões este ano. No Brasil, o mercado mais do que triplicou na comparação, mas a velocidade desse incremento ganhou força desde a safra 2020/21. E a janela para a consolidação do segmento no país está escancarada, incentivando negócios como a recente aquisição da paulista Biotrop, que era controlada pela gestora Aqua Capital, pela belga Biobest, por cerca de R$ 2,8 bilhões.
Entre as vantagens brasileiras para a produção de bioinsumos, realçou Jacyr da Silva Costa Filho, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp, estão a biodiversidade e a estrutura de pesquisas – inclusive públicas, lideradas pela Embrapa. Mas ele lembrou que o segmento ainda depende de definições sobre a sua regulamentação, alvo de dois projetos de lei que tramitam no Congresso. Entre as questões em discussão, talvez a mais importante seja sobre as regras de produção de bioinsumos pelos próprios produtores rurais em suas fazendas.
Gustavo Herrmann, diretor comercial no país da holandesa Koppert, uma das principais empresas de bioinsumos do mundo, destacou que, no mercado brasileiro, o uso dos produtos do segmento tem crescido aceleradamente também por causa de sua adoção nas grandes lavouras comerciais, como soja, milho, cana e algodão. O manejo dos biológicos normalmente é feito integrado à aplicação dos defensivos químicos, que ainda representam 96% do mercado de produtos para a proteção de cultivos no Brasil. Na safra 2022/23, segundo a Kynetec, as vendas de químicos alcançaram US$ 19,9 bilhões.
De acordo com a consultoria, a área total tratada com insumos biológicos no país se aproxima de 113 milhões de hectares. O cálculo leva em consideração que, em uma mesma área, pode haver várias aplicações de produtos. Se em 100 hectares foram feitas três aplicações, por exemplo, o cálculo considera 300 hectares. De acordo com a mesma lógica, os produtos químicos são usados em 1,8 bilhão de hectares.
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